sábado, 27 de junho de 2009

Inimigo meu


Algodão no nariz é coisa de morto né?

Não. É coisa de bugre também!

Ok, não usei algodão, e sim papel higiênico, mas o efeito visual é o mesmo. Dormi como um morto esta noite.

A coisa desandou ontem, de madrugada. 6h30 da manhã, ainda acordado, fui à cozinha beber um copo de leite para encerrar a fatura e deitar. No entanto, mal entrei na cozinha bateu aquela vontade louca de espirrar.

Primeiro espirro, tudo tranquilo. Mas aí veio o segundo, daqueles que não dão tempo de recuperação, e vêm cada vez mais fortes. E foi um atrás do outro. Lá pelo quinto comecei a sentir a coriza, e como bom bugre não tive frescuras. Protegi a cozinha com as mãos mesmo.

Bom, me dê uma pequena pausa narrativa agora. Entre no espírito da coisa.

Olhos fechados, vou abrindo eles meio desfocados, e quando obtenho uma imagem nítida, vejo minha mão esquerda totalmente vermelha. Olho para minha camisa, e foi perda total. Calça, tênis, putz, menstruei pelo nariz.

Felizmente me virei na direção no corredor, e com isso não fiz nenhum chouriço pelo caminho. O pior é que não dava tempo de pensar, porque continuava espirrando, um atrás do outro. Quanto mais sangue escorria, mais dava vontade de espirrar. Além disso, molhei a camisa tentando diminuir o prejuízo, e o frio piorou demais as coisas.

E assim, em questão de segundos, um dia que já tinha terminado, virou uma carnificina de meu corpo contra ele mesmo.

Cara, você não tem noção. Cada espirro era uma degradação. Nem eu sabia que tinha tanto sangue assim. Desisti de conter com as mãos e saí correndo pra pegar um guardanapo. Num instante tinha um lenço de toureiro nas mãos. Até os óculos tinham sangue já!

Percebi que tava perdendo a luta, que aquilo tava ridículo demais, e decidi que não ia espirrar de novo, não importa o quanto a vontade apertasse. Comecei a sentir o sangue escorrendo grosso dentro do nariz, mas segurei. Senti o corpo armando os espasmos, mas anulei os impulsos.

Decididamente caminhei rumo ao banheiro, apenas para ver um monstro quando encarei o espelho.

Deus do céu! Como um homem pode virar aquilo em pouco mais de um minuto? Eu já não tinha mais um rosto, e sim uma máscara de sangue, e barba com sangue é uma coisa desagradável de se ver.

Gastei um tempo me lavando ali, controlando a vontade de espirrar que a água gelada só fazia aumentar. E como a essa altura o sangue já descia sozinho, mesmo sem espirros, não tive outra opção. Peguei um tufo de papel higiênico e tampei cada uma das narinas. Não queiram saber como eu estava lindo...

Bom, dormi assim essa noite.

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