sexta-feira, 8 de maio de 2009

Intestino - Parte 2

Para minha surpresa, a pequena e lamentável tragédia pessoal que narrei aqui ontem gerou um bocado de respostas, e muitos amigos demonstraram solidariedade enviando relatos de suas próprias misérias intestinais.

Esta que reproduzo abaixo veio de um amigo lá do norte, cuja identidade obviamente será preservada. Realmente, quando não é com a gente é muito engraçado...

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"Existem pessoas que têm o intestino solto. Meu intestino é muito solto. Chega a um ponto que me faz crer haver uma desunião entre ele e o resto do corpo. Ele realmente age só.

Bom, estava voltando de Castanhal, e, após um almoço na Churrascaria Galope, depois de vinte minutos de estrada, estaria eu "galopando" o maldito carro rumo a qualquer banheiro que tivesse uma privada. Nos primeiros momentos das "pontadas", as quais fazem jorrar da testa litros de água fria, ainda pensava em algum banheiro "conhecido", no qual pudesse "defecar" relaxadamente. Chegado o nível crítico, a perturbação faz com que os sentidos se confundam. O corpo anseia desesperadamente evacuar aquela merda que te faz sofrer como um cavalo com a pata quebrada.

Parei em Benevides, cidadezinha fundada em cima de um quilombo. Fui ao Fórum, e entrei num banheiro que parecia tudo o que a gente pede a Deus nessas horas: "banheiro com a chave na porta". Passei a chave e me preparei para não ouvir ninguém batendo. Quando arriei a calça, estava lá ela na parede, uma aranha enorme. Na iminência do cago, segurei o arrojo para desespero de minhas hemorróidas, e me joguei de lado rumo a pia. Bati com a costela nela, e não sei como não me caguei na hora. A aranha rapidamente se movimentou, e eu, rapidamente me movimentei. Saí do banheiro no Fórum ainda me abotoando, com uma cara extremamente lívida de dor, medo e vergonha. Sei que algumas pessoas, como o guarda, presenciaram tamanha descompostura, porém, a natureza ainda batia em meu "hímem psicológico".

Saí com mais de um bilhão para o carro. Estava realmente decidido a tentar chegar a algum lugar para evacuar sangue, mas de alguma forma, o medo da aranha me fez segurar um pouco o cago. Me tremia e não via direito ao longe. Meus sentidos estavam tomados de angústia e dor. Meu pé desceu no acelerador. Estava dirigindo muito perigosamente. A essa altura, já era um monte de suor vestido. O pensamento firme foi fundamental para não "emerdar" o carro inteiro. Consegui segurar até o Gólgota, quando não pude mais respirar de agonia.

Entrei num posto que nem sei qual é, e simplesmente dei a chave para o frentista. "Estaciona pelo amor de Deus", disse já correndo para o banheiro masculino. Entrei e senti o cheiro podre. Venci o cheiro podre fácil. As privadas inexistiam, havendo apenas "buracos" no chão, um tipo de privada que te obriga a cagar acocado. No disparate, tive a prudência de tirar toda a calça e a cueca, senão cagaria ambas de forma irrecuperável. Caguei parecendo uma vaca dando à luz um bezerro. Os jatos de merda (estava com uma diarréia profusa) desciam forte, e cheguei ao ponto de, por alguns momentos, não ouvir e não sentir cheiro de nada. Estava embotado, como se o organismo se esforçasse para apenas "cagar".

E caguei forte. A merda estava quase transbordando o "buraco", e começei a recobrar os sentidos. Putz, fedia mais que a morte. Finalmente, acabou. Estava fraco! Não consegui levantar! Cadê o papel higiênico? Não havia! Abri minha carteira e tirei extratos bancários. Não foram suficientes. Sacrifiquei minha cueca. A sensação de entrar nú em uma calça jeans e ainda ter de ir para o escritório não é boa. Nem de se pensar. Bom, minhas pernas tremiam. Essa foi uma experiência horrorosa. Mas aprendi que devemos ser menos civilizados na hora da agonia brutal. Um abraço!"

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Se alguém mais tiver relatos deste tipo, sintam-se encorajados a dividir conosco. Aqui ninguém tem frescura não...

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